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Porque me encanta a gastronomia desenvolvida no lar, unindo pessoas, histórias e gerações. Segredo de chef, para mim, é aquele tempero mais simples do mundo, mas que pelas mãos de uma mãe ou pai, avô ou avó, parecem mágica. Comida do lar é aconchego, é memória, é tempero da vida!

Aqui de casa

Aqui de casa

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A melhor comida do mundo

Raramente (e com espanto) eu conheço alguém que diz não gostar de arroz e/ou de feijão. Há quem ache essa mistura de sabores meramente trivial, sem graça se não vier acompanhada de uma boa carne e algo mais.

Para mim, arroz e feijão não é apenas o "básico" de todo dia. Ele é necessário. Claro que a gente muda o cardápio muitas vezes, temos os dias de preguiça em que só um macarrãozinho rápido basta. Mas como eu sinto falta! Se passar de três dias sem, ah....

Já percebi que não é apenas por gostar tanto que eu sinto falta. É que nas minhas memórias do paladar e dos confortos recebidos o arroz com feijão está muito marcante. Quando criança, a palavra "papá" era o arroz com feijão batidinho (não me recordo de outra coisa). Aprendi com mineiros que quando você acha que a geladeira está vazia e a fome aperta, um mexido faz do arroz com feijão um manjar dos deuses! E o que dizer daqueles momentos na vida em que na correria pulamos ou atrasamos uma refeição? Muitos desses momentos eu preenchi com um belo prato de feijão com arroz, puro e delicioso!

Os temperos? Alho e sal para mim bastam! Mas como uma pessoa que adora cozinhar, acho incrível conhecer as diferentes maneiras de cozinhar e comer nos diversos lugares. Já comi feijão temperado com cominho, cebola, pimentão e por aí vai.

Ah, aquele feijão fresquinho da minha mãe... Eu diria que os complementos são bons coadjuvantes dessa dupla essencial na minha vida! Uma carne moída com cenoura, banana prata, um ovo frito, um bifinho e salada... E você, como gosta dessa combinação?

Arroz e feijão acompanhado de salada e bife à milaneza.

Uma deliciosa mistura de legumes e duas carnes dentro do feijão, maravilha!

terça-feira, 1 de julho de 2014

Cozinha, casa e afetos

Começando este espaço com um texto do meu outro blog. Porque cozinha é mais que receitas deliciosas, é sentimento, relacionamento, filosofia!

De todas as saudades que tenho, as mais memoráveis são aquelas que trazem à língua um marcante sabor, ou aquelas que me tomam por seu cheiro. Ou dos momentos em que um gesto, um olhar, um sorriso, um toque, me trouxeram aconchego. Talvez a saudade de tudo isso, e de uma só vez.

A lembrança escrita nas letrinhas daquele prato de sopa, sob os olhos amorosos de minha mãe esperando que aquela refeição nos fortalecesse no corpo e na alma. Ou, quando da sua aflição em não saber o que mais oferecer além do feijão com arroz, me faz pensar que todo seu amor e preocupação se tornaram os ingredientes para fazer daquele o melhor feijão com arroz do mundo. A tranquilidade das manhãs de mingau, lembranças breves de tempos tão remotos, mas cujo aroma de aveia me permite reviver aqueles três pratos salpicados de canela: meu pai, minha mãe e eu (meus irmãos não gostavam).

Memórias cercadas de afetos, e temperadas com as melhores receitas que pude experimentar. Pães, bolos, sopas, mingau, feijão, purê, macarrão (ah, e com almôndegas ou salsicha!). Não era somente o grande talento de uma mãe na cozinha. Tampouco preparações mirabolantes ou requintadas. Era tudo muito simples, e ao mesmo tempo grandioso! Mas uma grandiosidade que se encontrava nos gestos de quem provia mais que um alimento, era um conforto. Não desses que querem compensar qualquer momento ruim, mas um conforto de experimentar sentimentos, para além dos sabores. Como o sentimento de ser cuidada por uma amável sopa ao cair em febre.

Comer. Um ato que pode ser tão trivial. Mas em cada pedacinho de receita pode haver uma mágica. E desde tão cedo, tão sempre, envolve sentidos, carinhos, memórias. Memórias degustadas com sal e açúcar, na medida certa.

As melhores recordações eu como assim, com garfo, faca, colher ou de mão. E sentindo no peito o aperto daqueles dias que voltam apenas nas lembranças dos meus sentidos: olfato, paladar, visão, audição, tato... e quem sabe até um sexto sentido, uma intuição que me faz querer repetir e recriar receitas e cuidados. Saudosismo intenso!

Ah, as memórias culinárias... Atam e desatam nós, carregam consigo laços de uma vida inteira. E não estão apenas lá atrás nas lembranças de infância. A cada dia nos aquecem naquela xícara de café com leite. A cada pão partido, a cada grão moído, a cada cobertura derramada, é a vida sendo temperada com sabor de saudade.

À beira do fogão ou na geladeira. Quente ou frio, só ou acompanhado, doce ou salgado. A mesa é sempre farta de histórias.